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Derradeira estação.

Ao meu lado, um espaço vazio; dentro de mim, um coração invadido pelas lembranças. "Pior que a ausência do amor, a memória do amor". Quantas vezes mais essa frase se repetirá no interior dos meus pensamentos? Quê fazer quando o coração se cansa de tanto amar e desamar, preferindo se perder em dores antigas a recomeçar outra jornada?

Parando para respirar.

Estou de altas. Fechada para balanço. Em obras. Cuidado: cão bravo. Atenção: piso molhado. Perigo: alta voltagem. Este lado para cima.... Sem perder o humor e sem tirar o sorriso besta da cara, vou tocar minha vida tentando não tocar nas feridas -- urgh, rimou! Difícil foi, é e será. Isso não importa muito, na verdade. O importante é que o Banco Real dá 10 dias no cheque especial sem juros. Tá, pode rir! Pode mesmo, até eu estou rindo...!

O relógio bateu meia-noite, a carruagem virou abóbora e os cavalos, ratos. Não perdi um sapatinho de cristal, nem um príncipe irá me salvar das garras da madrasta cruel. Mas estou voltando a ser eu mesma, sem cortes, politicamente incorreta, escandalosamente feliz. Contente de ser o que sou. Cansei de ser alguém para os outros, quero ser alguém pra mim!

Meu coração está pequenininho pequenininho de saudade, de tristeza e de amores perdidos; não adianta negar sentimentos que fazem parte de mim. Porém, contudo, no entanto, eles devem existir, e não mais me prender. Vou, então, soltar as algemas. Que doa! E que a dor seja pungente, aguda e intensa, contanto que sofrida um única vez, com tempo marcado no cronômetro para acabar.

Vou cuspir todos os meus demônios.

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