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Mostrando postagens de 2010

Cafuné

Uma noite dessas me flagrei pensando em meus amigos: os amigos próximos, os distantes, os de agora, os de cinco anos atrás... Não como uma retrospectiva ou balancete de quem entrou e quem saiu; foi mais uma observação a respeito da dinâmica das relações e a importância que isso tem na minha vida. Pessoas vão e pessoas vem, faz parte. Algumas vezes nos decepcionamos; talvez nos fechemos a novas pessoas, talvez fiquemos mais dispostos a nos entregar. Não há receita ou previsão. A interação entre as pessoas está sempre sujeita à aleatoriedade da vida e depende dos fatores mais misteriosos, que às vezes a gente chama de vontade divina, coincidência...  Às vezes nem põe reparo. O que me encanta na amizade não é como eu posso compartilhar minha vida com o outro, mas como o outro abre as portas de sua vida e me deixa entrar. Às vezes de sola, às vezes de fininho, sem receita. A certeza de que alguém conta comigo e que estarei lá quando for preciso me conforta e alegra. Algumas veze

Para um menino com uma flor

Porque você é um menino com uma flor e estou descaradamente copiando a ideia do Vinicuis de Morais, escrevo um texto que talvez você nunca leia. Ou talvez por ser um menino com uma flor você leia, ainda não sei ao certo porque ou a quem escrevo, se é para você, para mim ou para o mundo. E porque você é um menino com uma flor e pela primeira vez em anos eu não consegui entender a cabeça de um homem, as palavras vêm como uma maneira de tentar te fazer mais claro para mim. Porque eu sou uma menina com uma flor, incompreensível por definição, e você não deveria ser mas é. Porque você se aproxima e se afasta de todo o meu repertório de possibilidades, seus sinais não são lineares e eu não consigo imaginar o que se passa na sua cabecinha, a única certeza que tenho é que você é um menino com uma flor e que não te entendo, nem um pouquinho. E porque você é um menino com uma flor e um mistério eu não estou apaixonada, mas completamente absorvida pelo desejo de compreender essa vida que me

Uma noite com J. B.

Ele não é uma pessoa sempre feliz. Eu não sou uma pessoa sempre feliz. Nós fazemos um belo par! Principalmente no meio da madrugada, quando minhas emoções estão frágeis, desguarnecidas, e nem o pato nem a gata tem braços para me envolver... Eu sei que é um grande erro escutá-lo a essa hora, mas quê fazer se ele canta o que meu coração não é capaz? Essa parte de mim que só existe em solidão ainda não é capaz de se expressar. Ou talvez não queira. Se já é difícil sendo a garota de fartos sorrisos, imagine se também houver lágrimas para chorar...!? *** Eu só não quero ter motivos para me arrepender. É pedir muito?

O estar do perdão (e o mal de dizer)

Talvez esteja sendo absurdamente burra e inocente ao perdoá-lo. Mas quem sou eu para julgar? Por mais que tenha sido eu a vítima do erro alheio, todos nós estamos sujeitos a isso... A mensagem que fica é que devo conhecer muito bem aqueles que me rodeiam, de modo a evitar supresas desagradáveis no futuro. Quando você vê as pessoas como elas realmente são não há quebra de expectativa, não há desilusões. Lógico que fica um pouquinho de mágoa e o ego dá seus berros de vez em quando, estaria mentindo se dissesse o contrário, mas nada que possa de fato prejudicar minhas relações. Há quem não consiga entender que somos humanos, erramos, temos defeitos, e que faz parte da vida lidar com tudo isso. É tão mais fácil manter o dedo em riste e julgar os outros o tempo todo...! Porquê não conceder o benefício do perdão, dar uma segunda chance, não esperar do outro aquilo que ele não tem para oferecer? Posso até dar com os burros n'água, mas me faz bem agir dessa maneira e não me interessa

O estar das salas

Quem disse que mentiras não aliviam a alma? Hoje ouvi um punhado delas; muito bonitinhas, nada convincentes, e eram simplismente tudo o que eu precisava saber... Se eu mesma estou mentindo para mim, porque os outros não podem? Ô menina mais burrinha.

Por mais (ou por menos)

Por mais que eu tente não consigo fugir dos meus hábitos. Ou seriam vícios? Digo vícios porque há momentos - e quantos! - em que há uma discordância abismal entre o que quero fazer e o que acho que deve ser feito. Via de regra me guio pela vontade, via de regra descubro depois que teria sido melhor aceitar a enfadonha voz da razão. Sei dos cacos de vidro e do passo em falso, mas insisto em correr sem olhar para o chão. Sincericídio? Sempre, e só para mim. Se eu não puder ser honesta e enxergar de frente o que sinto, percebo, intenciono ou desejo, com o quê ou quem poderei ser? Melhor saber quando é a vovozinha e quando é o lobo mau: ao menos você tem certeza de quem vai te comer.

Efeitos do tempo

Até uva passa, né? Aparentemente a angústia passou também. Passou a empolgação, o medo da rejeição que nem chegou a acontecer, o desespero e a esperança. Me sobraram umas poucas cinzas e um bom tanto de ceticismo. Que há de passar também...

O que eu não posso dizer

A vida funciona bem assim: você pede, pede, e acontece. Eu deveria ter sido mais criteriosa na hora de pedir. O sonho irrealizável veio, e com inúmeros adicionais inimagináveis: 1- É sonho porque eu não posso nem tentar tornar real; 2- É irrealizável porque eu queimei os navios em tempos idos; 3- Só o preço da tentativa a faz infrutífera: a aposta seria do tipo "tudo ou nada", a chance de ganhar é mínima, e, se perdesse, entregaria à banca muito mais que um sonho besta, roupas e o relógio. Praticamente é como se eu apostasse minha mãe... Nesse desabafo cheio de palavras e (aparentemente) vazio de siginificados, fica a angústia que vem me consumindo noite após noite, e que assim permanecerá até que... Até o que eu ainda não sei. Dessa vez não sei dizer se vai passar, se vai mudar, se dá pra esquecer. Dessa vez tudo o que eu tenho é um quarto escuro e um pato amarelo para abraçar.

Aguar

Sem querer conquistei o impossível. Conquistei e me perdi... Que chão pode me segurar quando o céu deixa de ser o limite? Verdade ou ilusão, não importa: eu preciso de sonhos irrealizáveis. Irrealizáveis, do começo ao fim. Sem essa gracinha de colocar o doce na boca e depois tirar.

Frases soltas (talvez não tão soltas)

A boca que te beija é a mesma que escarra. E a mesma que mente - sem pudor ou remorso. * Ser conveniente não basta. A vida clama pelo incômodo. Eu bebo o horror de estar, ser e acordar. Todos os dias. * Se queres passar por esta encarnação isento das dores e das máculas, sobes ao vigésimo andar e pula. De cabeça, se possível.

Pacote comodidade

Terra seca, coração vazio. Quem me dera se essas metáforas fossem apenas o fruto de alguma desilusão! É mais fácil brigar com a dor da gente do que contra as adversidades do mundo... A opção de continuar sozinha não vem de dentro para fora, mas o exato contrário. O lugar onde vivo, as pessoas que cruzam o meu caminho, os planos para o futuro: nada me traz nem a sombra de um porto ou cais. Eu poderia, sim, sair em busca do santo graal, da agulha no palheiro, e provavelmente após muito esforço os encontraria, mas o problema já se configura na frase: esforço. Esforço provoca cansaço, e já estou cansada demais para tentar. Uns bons anos de solteirisse não matam ninguém, e são um excelente refúgio. Comprei mesmo o "pacote comodidade", ai de quem falar... Vai dizer que a perspectivas de um longo período sem transtornos amorosos também não te agrada? Nada por amor, só por esporte. E ainda dá pra dizer "o problema sou eu, não você".

Lançando as cinzas n'água

O ser humano tem travas internas tão delicadas que uma inocente massagem pode afrouxar um parafuso e deixar várias peças soltas pelo caminho... Talvez a massagem não tenha sido tão inocente assim, mas nada que justifique esse ninho de mafagafo que se instalou no meu peito. *** Até poucos dias atrás eu estava muito segura. Segura quanto às minhas ações, segura quantos aos meus sentimentos. Por mais que o desenrolar da história dependesse cinqüenta por cento de mim, não havia com o quê preocupar: as minhas certezas bastavam. Eis que a chuva invade o quarto e leva, uma a uma, todas as ilusões que sustentavam a perspectiva de um futuro feliz; sentada e inerte assisti a procissão de coloridas mentirinhas escoando calha abaixo. Tão bonito! O Vinícius cantando as venturas dos amores que não vivi, a água carregando a primeira erva daninha que brotou nessa terra seca... Definitivamente nem um mês de sol a pino vai ser suficiente pra secar o lamaçal de dúvidas e trazer à tona aquelas frágeis e a

Refratada

Não sei lidar com o tempo. Não gosto de esperar. *** Vivo com urgência, vivo em imediato, vivo o agora. E quando a vida me faz esperar eu desaprendo a viver. Troco os pés pelas mãos, faço o que não posso, falo o que não devo. Me contradigo. Caio em danação. Impedir que a mão chegue ao telefone é fácil; impedir (bons e maus) pensamentos não.