Ainda gosto de passear. E de me perder também, que os caminhos errados são mais doces...
Mamãe mandou: "goste mais de você, menina." Ela disse isso há quatro horas atrás, e "isso" simplesmente não saiu da minha cabeça até agora. Não foi um "lave atrás da orelha", "vai arrumar a cama", ou "vai sair de novo?". Não foi conselho de mãe; foi conselho de pessoa vivida. Como doeu escutar aquilo! Não que eu tenha considerado ofensivo, não é isso. A questão é que bateu fundo, me fez olhar no espelho e constatar que eu tenho cuidado muito pouco de mim. Pela primeira vez eu percebi que minha alma está, assim como o meu corpo, repleta de cicatrizes. E pelo mesmo motivo: falta de atenção. Cicatrizes não são um sinal de vivência; são marcas de uma vida tocada com desleixo. Talvez a motivação da minha mãe tenha origens mais puritanas do que posso absorver mas, ainda assim, são válidas. Se entregar não é dar ao outro as rédeas dos seus sentimentos.
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