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Mostrando postagens de abril, 2011

Na porta da geladeira

Após tantas palavras desperdiçadas, concluo que necessito me calar. Acho que me perdi em meio às imagens que construí de amor e acabei sem saber de fato se era amada ou até mesmo se estava amando. Não me agrada pensar que talvez tudo isso tenha sido mais uma intenção do que uma realização, mas não posso fugir de tais divagações. Meu coração me engana, faz troça, me confunde com suas vaidades! É preciso um longo momento de silêncio e introspecção... Menos para tentar compreender o que foi ou não verdade, mais para me compreender. Para sentir mais. Sentir melhor e sentir em mim, para mim. Preciso aprender a me preservar, mãe. Ouvir e absorver esse velho conselho que escuto há tantos anos: "você precisa se cuidar, Ana. Pare de deixar que qualquer um entre na sua vida e faça estragos." *** Dessa vez não foi qualquer um, mãe. Mas os estragos estão aí para qualquer um ver.

A. A.

Ana chega em casa, larga as roupas no caminho do banheiro e entra debaixo d'água. Aquele bar fechado e tantas pessoas fumando, meu cabelo é praticamente um cinzeiro, eu estou cheirando a cinzeiro! Ela deixa a água lavar bem os cabelos, shampoo e condicionador. E o cheiro continua. Passa o sabonete uma, duas, três vezes. Esfrega a pele com força, usa a esponja vegetal, muita força. E o cheiro continua. Não é mais o cheiro do cigarro, mas algo estranho a ela, não pertecente. Ana senta debaixo do chuveiro e sente a água caindo sobre as costas, o rosto, o chão frio... É o cheiro que afasta outros homens, que a pertuba durante o sono. Ela sabe, por mais ímpeto que tivesse em não saber: é o cheiro de mulher marcada. De mulher que deseja apenas um, aquele, e que exibe todo o orgulho de sua paixão inclusive nos odores. No entanto Ana não pertence a ninguém. Não oficialmente: o status da rede social diz "solteira". E o cheiro incomoda porque expõe a flor da pele tudo aquilo que el