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Lançando as cinzas n'água

O ser humano tem travas internas tão delicadas que uma inocente massagem pode afrouxar um parafuso e deixar várias peças soltas pelo caminho...

Talvez a massagem não tenha sido tão inocente assim, mas nada que justifique esse ninho de mafagafo que se instalou no meu peito.

***

Até poucos dias atrás eu estava muito segura. Segura quanto às minhas ações, segura quantos aos meus sentimentos. Por mais que o desenrolar da história dependesse cinqüenta por cento de mim, não havia com o quê preocupar: as minhas certezas bastavam.

Eis que a chuva invade o quarto e leva, uma a uma, todas as ilusões que sustentavam a perspectiva de um futuro feliz; sentada e inerte assisti a procissão de coloridas mentirinhas escoando calha abaixo. Tão bonito! O Vinícius cantando as venturas dos amores que não vivi, a água carregando a primeira erva daninha que brotou nessa terra seca...

Definitivamente nem um mês de sol a pino vai ser suficiente pra secar o lamaçal de dúvidas e trazer à tona aquelas frágeis e afogadas certezas que até poucas horas me mantinham firme... Que chuvinha besta, que estrago tremendo!

Com que navio queimado partir?

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