Amanhã comprarei um pacote de balas de gelatina, uma garrafa de guaraná, três pacotes de biscoito recheado e uma caixa de bombons. Colocarei tudo dentro da mochila de ursinho, junto dos guardanapos xadrez, do prato de menininha e da caneca de leão. Armada até os dentes de bobagem vou invadir o jardim, abrir uma toalha branca no chão e montar acampamento. O sol não queimará meu rosto, e nem as formigas tentarão me atacar. Vou comer, comer, e quando me fartar de tanto doce deitarei sobre a toalha - meu pé estará limpinho, mamãe não terá motivos para xingar. Será o início da grande batalha. Apoiando a simpática edição de "Contos de Grimm" nos joelhos, explorarei todas as fronteiras da minha imaginação. Um silêncio quase virginal me protegerá dos ataques externos. A campanha será árdua, posto que para recriar um universo perdido na memória será necessário buscar em remotas lembranças as mais sutis cores da infância. A luta terminará tão somente quando ouvir alguém chamar: "A