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Pavio curto por um triz

Poucas coisas podem ser piores que comprar presente pra mãe. Você convive com a pessoa desde antes de nascer, e vacila na hora de escolher uma mera lembrancinha! Não pode dar algo caro, mas não quer artefato vagabundo. Se opta por uma roupa, acaba confundindo -- quase que sem querer -- o que você sabe sobre os gostos dela com o que você acha que ela gosta. É uma merda.

Ela bem tenta fingir, diz que amou o presente, dá aquele sorriso amarelado -- por culpa do café e do cigarro, ele realmente é amarelo --, diz que não poderia ter ganhado presente melhor. E você sabe, com total e absoluta certeza, que ela não gostou. Bate, então, aquela sensação de 'deveria ter procurado melhor', ou 'fui caprichar e me estrepei'.

Era bem mais fácil quando meu pai comprava os presentes, e eu só entregava. Ela sabia qua não fora eu quem escolhera, daí o sorriso vinha não pelo presente, mas pela atitude. Ontem, devido a uma relação já muito desgastada pelo excesso de contato, ela não se sentiu contente pela 'nobreza' do meu ato, muito menos pelo presente que ela vai ter de trocar.

Tudo bem, tudo bem. Eu já entendi que o problema não está no presente, nem a solução. Precisamos, na verdade, não de presentes ou gestos bonitos, mas sim de férias; passar uma, duas semanas longe uma da outra. Ficar distante até enjoar de si mesma. É muito bom quando o relacionamento com os pais -- ou só um deles, tanto faz -- torna-se mais íntimo, amizade de fato; no entanto, juro que de vez em quando eu tenho vontade de jogar minha mãe janela abaixo. Ô porra de mulher chata!

Comentários

  1. Um bom presente pras duas é a saudade. Uma, quando sentir falta da outra - depois do período do Graças a Deus, vai aprender a valorizá-la e vice-versa.

    Então, no stress. Deixa uma sumir da outra, uma hora a amizade volta. Isso é relacionamento desgastado.

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