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Mostrando postagens de agosto, 2014

Pão e saliva

Hoje comi e bebi na sua boca. Eu tinha fome e você me alimentou com pão, café, suor e saliva. Meu corpo se afogava na querência de calor. Na querência de outro corpo. Telefone. Carro. Cama. Cortesia e delicadeza. Me afoguei no corpo quente, no sexo sem meandros, no desejo cru e despido de intenções. Me perdi na fumaça do cigarro, na voz sensual que cantava baixinho no aparelho de som, na água quente do chuveiro. Dispenso a carona de volta. Nos demos o que tínhamos para dar. Me encontro na curva da esquina e sento pra fumar outro cigarro. Que pôr do sol fodido de bonito. Danica Novgorodoff

Eu te conheço demais

Fim de sábado morno, preguiça e uma caneca de chá de erva doce. A música que sai do fone acerta em cheio, boca do estômago. "Friends, lovers or nothing/We'll never be the 'inbetween'/So give it up"* . Give it up, desista, esqueça, passe a bola. Nós tentamos uma, duas, três vezes. Amigos perfeitos, péssimos amantes. Qual a melhor solução para admitir o fracasso? Você me olha como quem diz "eu te conheço demais, Beatriz" e o chão se abre sob meus pés, as roupas sujas espalhadas ao redor... Não deu certo porque não deu, simples assim. Falta alguma coisa que a gente não acha pra comprar na mercearia ou na internet. Sem mimimi e justificativas vazias. Não que eu vá fingir que abril não aconteceu ou deletar nossas fotos do computador... Tô bem, mesmo. Mas não quero falar sobre nós. Não preciso falar sobre nós. Não deu certo porque não deu, simples assim. Eu queria tomar cerveja e questionar sobre a necessidade de perguntas, de explicações para