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O presente que eu não quero ganhar


Papai Noel, meu querido! Faz tempo que não escrevo, né? Acontece que nos últimos anos eu pedi algumas coisas e elas vieram bem atrapalhadas, então resolvi contar um pouco sobre mim e minhas intenções pra ver se o senhor acerta dessa vez. Fui uma boa pessoa durante o ano que está acabando; passei sábados e domingos trancada dentro do laboratório trabalhando, dei bons conselhos aos amigos entre uma e outra cerveja no buteco perto de casa, troquei o dia pela noite estudando para as provas da faculdade, tomei alguns porres, curei algumas ressacas, fui pro samba, pro rock e pro forró. Em suma, eu vivi bem do jeitinho que gosto: workaholic de oito às dezoito, boêmia de meia noite às seis. 

Muito digno para uma mulher de vinte e poucos anos, não? Seria, não fosse a maldita paixão atravessando meu caminho... Duas vezes! E o que mais me emputece é saber que, há exatamente um ano atrás, eu estava sentada em frente ao mesmo computador choramigando minhas carências, minha solteirice crônica, a solidão de ser a única entre as amigas que não tinha um homem pra chamar de seu. Eu, euzinha, pedi ao senhor (lembra?) que mandasse um namorado (sim, confesso que utilizei essa palavrinha mágica, n-a-m-o-r-a-d-o) lindo, fofo, que me amasse e telefonasse todo dia. Pedido feito, pedido atendido; o problema foi não ter citado nada a respeito sobre duração e qualidade do namoro. Então foram dois namorados, duas ilusões, dois términos e vários, incontáveis dias chorando debaixo do chuveiro, achando a vida mais chata que documentário sobre a reprodução das anêmonas.

Agora cá estou, prestes a inaugurar outro ano e pedindo encarecidamente: EU QUERO CONTINUAR SOLTEIRA! Mande paixonites de quinze dias, amores platônicos, transas homéricas (várias, por favor!), paquerinhas, flertes, sexo casual bacanudo com aquele rolo de anos, mas não mande outro namorado. Não preciso de outra história maluca e sofrida pra chegar à conclusão de que o "status de relacionamento: solteira" combina com meu corte de cabelo, digo, com minha personalidade e meu momento atual. Não gosto quando esse ranço de criação modelo desenho da Disney se manifesta na minha vida e volto a acreditar em amor eterno, paixão à primeira vista e príncipes encantados (acredito no senhor, Papai Noel, por mera conveniência). Quando a realidade ganha esses floreios de Cinderela eu me perco em meio a tanto colorido e termino a história sem conseguir anotar a placa do caminhão que me atropelou.

Mas antes que o senhor entenda "focinho de porco" ao invés de "tomada", vou deixar claro: não quero ser solteira pra sempre, quero ser solteira só por enquanto (a duração do "por enquanto" o senhor deixe comigo, tá?). Quero é ser capaz de não vincular felicidade a compromisso, como se fosse algo simbiótico. Estou bem sozinha e não vejo mais sentido em me divertir com os caras errados enquanto o cara certo não aparece; os caras errados são ótimos! Me deixe com os errados, os vários errados da minha vida, que eles são a medida exata do que eu necessito hoje.  Não me faltam abraços, olhares, telefonemas, carinhos, e é bom estar leve assim. 

Ficamos combinados, queridíssimo Papai Noel? Nada de namorados em 2012? Em time que está ganhando não se mexe e a vida de solteira está fazendo um bem danado pra minha pele!

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