Pular para o conteúdo principal

Ponto ótimo

Quinze minutos atrás um amigo lançou uma pergunta: porque os homens se apaixonam pelo que vêem e as mulheres pelo que ouvem? Era uma pergunta retórica, um desabafo, e deveria ter se encerrado na minha resposta "não sei, nunca parei pra pensar nisso". Só que comecei a pensar. E em mais do que os porquês de nos apaixonarmos; por quê nos apaixonamos tanto?

Fico extremamente tentada a usar o Mário Quintana pra (me) justificar, "no entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo: as andorinhas é que mudam", mas tenho plena consciência de que é um engodo. Difícil enganar a si mesmo, né? Às vezes esse "hábito" de apaixonar constantemente parece uma doença crônica, da qual queremos nos livrar e conseguimos, no máximo e com muito custo, minimizar os sintomas. Não que paixão ou amor sejam aspectos negativos da vida; o problema reside no excesso.

Como determinar o "ponto ótimo" de estar apaixonada? Como identificar o limite e saber se estamos ultrapassando-o? E, o questionamento que me consome neste exato momento, como parar? Como estancar essa ferida aberta, que verte continuamente os sentimentos pra fora? Porque dentre todas essas dúvidas, de uma coisa estou certa: eu gosto de me apaixonar, mas tem hora que cansa...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eficiente e rosada

Ah, claro, é porque eu tenho buceta. Desse jeito assim, b.u.c.e.t.a. Comprada em suaves prestações, tecnologia de ponta. Não fede, não sangra, não adoece, não cansa, não estressa. Apenas uma eficiente e rosada buceta. É a tal da buceta quem me dá tudo: dinheiro, amor, comida, prazer, joias, cortesia na balada. E é a mesma buceta quem me chama de vadia, galinha, vagabunda, puta. Buceta não tem nome. Pênis tem; João, Diego, Rodrigo, Mateus. Buceta nunca, é só buceta. Sirlanney (http://sirlanney.tumblr.com/)

Poça d'água

E como não tinha solução, solucionado estava. Caminhando de volta pra casa, Ana observa o entardecer. Os últimos feixes de luz antes da noite cair, a morna melancolia se espalhando pelo ar depois de uma breve chuva de verão. Ela pisa nas poças de água como se espalhasse pelo chão sua própria angústia; o coração, nó cego, parece inchar dentro do peito e comprime, machuca. Os pés batem confusos no cimento. Ana quer correr, gritar, rir alto, contar ao mundo sobre aquele afeto que crescia mais a cada dia. E sente que a mesma ânsia de viver a empurra para um silêncio amargo, a conduz para o seguro estado de inércia onde a ausência de risco significa a ausência de sofrimento.  Ela sabe: esse é o efeito estanque do medo. Por mais certeza que tenha acerca de seus sentimentos, não há voz para dizer "quero você"; o medo da rejeição roubara cada uma das quatro sílabas presas em sua garganta. Medo puro, transparente, volátil e inflamável. Para não incendiar e explodir, Ana vira na

Sai do portão e vem brincar

Anda, sô, toca a campainha e corre! Não posso. Não mais. Eu quero tocar a campainha e esperar. Se for moça dar bom dia, se for velha pedir um copo d'água, se for cachorro tropeçar nos pés e cair na calçada. Eu quero tocar a campainha e esperar. Cansei de dar as costas à vida e entrar debaixo da saia da minha mãe. Eu quero o esporro, o sorriso e o desprezo.