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She was a taker... You need a giver.

Quando menos esperar você vai encontrar alguém que te beije sem pressa. Alguém pra compartilhar o gosto do cigarro, do café, da cerveja, do bolo de chocolate com pouco açúcar. Dia desses você vai virar a esquina e encontrar alguém com um timing perfeito - ao menos razoável. Alguém que vai enxergar que você parece uma piscina de bolinhas, mas na real é um mar calmo e profundo. Que vai pular de mãos dadas contigo nesse precipício que é o sentir, e ainda de mãos dadas encontrar o caminho de volta. Numa balada qualquer vai tocar "No Rain", você vai dançar suas dancinhas engraçadas e esse alguém vai rir, e achar fofo, e dançar contigo. E ela vai, benzadeus que vai, conversar com você só pelo olhar. Vai ouvir as palavras que você diz em silêncio, nas pausas entre uma tragada e outra. Você vai encontrar alguém que te enxergue por inteiro. Numa tarde besta você vai sair pra comprar cerveja e encontrar alguém que não minta pra si mesma. Alguém pra te fazer cafuné, bagunçar seu c
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Not enough

O gosto do café continua na minha boca. Fecho os olhos e retorno ao beijo uma, duas, centenas de vezes. O furacão que passou por mim passou por você também? Eu não sei. Eu realmente não sei o que dizersentirpensar. Me perdoa. Me perdoa porque eu te quero mas não te amo. E querer não é o bastante para nós dois. https://www.evauviedo.com.br/

Eficiente e rosada

Ah, claro, é porque eu tenho buceta. Desse jeito assim, b.u.c.e.t.a. Comprada em suaves prestações, tecnologia de ponta. Não fede, não sangra, não adoece, não cansa, não estressa. Apenas uma eficiente e rosada buceta. É a tal da buceta quem me dá tudo: dinheiro, amor, comida, prazer, joias, cortesia na balada. E é a mesma buceta quem me chama de vadia, galinha, vagabunda, puta. Buceta não tem nome. Pênis tem; João, Diego, Rodrigo, Mateus. Buceta nunca, é só buceta. Sirlanney (http://sirlanney.tumblr.com/)

Pão e saliva

Hoje comi e bebi na sua boca. Eu tinha fome e você me alimentou com pão, café, suor e saliva. Meu corpo se afogava na querência de calor. Na querência de outro corpo. Telefone. Carro. Cama. Cortesia e delicadeza. Me afoguei no corpo quente, no sexo sem meandros, no desejo cru e despido de intenções. Me perdi na fumaça do cigarro, na voz sensual que cantava baixinho no aparelho de som, na água quente do chuveiro. Dispenso a carona de volta. Nos demos o que tínhamos para dar. Me encontro na curva da esquina e sento pra fumar outro cigarro. Que pôr do sol fodido de bonito. Danica Novgorodoff

Eu te conheço demais

Fim de sábado morno, preguiça e uma caneca de chá de erva doce. A música que sai do fone acerta em cheio, boca do estômago. "Friends, lovers or nothing/We'll never be the 'inbetween'/So give it up"* . Give it up, desista, esqueça, passe a bola. Nós tentamos uma, duas, três vezes. Amigos perfeitos, péssimos amantes. Qual a melhor solução para admitir o fracasso? Você me olha como quem diz "eu te conheço demais, Beatriz" e o chão se abre sob meus pés, as roupas sujas espalhadas ao redor... Não deu certo porque não deu, simples assim. Falta alguma coisa que a gente não acha pra comprar na mercearia ou na internet. Sem mimimi e justificativas vazias. Não que eu vá fingir que abril não aconteceu ou deletar nossas fotos do computador... Tô bem, mesmo. Mas não quero falar sobre nós. Não preciso falar sobre nós. Não deu certo porque não deu, simples assim. Eu queria tomar cerveja e questionar sobre a necessidade de perguntas, de explicações para

Romance de papel

Buenos Aires, duas histórias, um casal eminente que ainda nem se conhece. Enquanto os protagonistas abrem a janela do apartamento (e, metaforicamente, da própria vida), o cantor diz assim escondidinho em inglês: 'Cause true love/ is searching too/ But how can it recognize you/ Unless you step out into the light? Estavam próximos um do outro, mas distantes de si mesmos... Para nosso alívio e deleite, eles se encontram no final - por favor, não reclame por ser algo óbvio; a vida real não é cinema e nós precisamos de um pouco de romance para alimentar as ilusões. Assisti a essa cena dezenas de vezes, a música preenchendo minha mente feito um mantra. Onde eu estou errando? Porquê não consigo abrir minha janela? De onde vem tanto receio e ceticismo? Como saber se a pessoa certa está a uma quadra de distância e só eu não consigo perceber? Existe "a pessoa certa"? Então veio outro filme, outra cena, e me deparei com uma possível resposta: algumas pessoas nascem para

Sobre mergulhos e invasões de domicílio

Eu falo muito. Falo alto, passando do grave ao agudo em uma mesma frase. Sempre tenho um assunto escondido na manga para quebrar a monotonia, o protocolo, a rigidez. Mas também gosto de ouvir; faço perguntas, incomodo, instigo meu interlocutor a falar.  Ver o interlocutor falar. Como ele se expressa, se olha nos meus olhos, se mexe nos cabelos, se cruza os braços. A tensão nos ombros, o balançar de pés, o copo à frente, o corpo. Como ele trata o garçom, como se porta junto aos amigos.  Pensar que nos expressamos somente através das palavras é sinal (ou seria um sintoma?) de uma imensa pobreza de percepção e sensibilidade. Os movimentos e tensões corporais, a escolha das palavras, a pronúncia, o tom que utilizamos são alguns dos incontáveis componentes da mensagem que pretendemos transmitir, conferindo sentidos que ultrapassam os verbetes do dicionário.  Desvendar intenções em palavras que não foram ditas, desejos escondidos num olhar desviado, a reação após um leve roçar d