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Enfim

Nessa tua boca de pra sempre eu me perco, e não há quem me faça voltar...

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Eficiente e rosada

Ah, claro, é porque eu tenho buceta. Desse jeito assim, b.u.c.e.t.a. Comprada em suaves prestações, tecnologia de ponta. Não fede, não sangra, não adoece, não cansa, não estressa. Apenas uma eficiente e rosada buceta. É a tal da buceta quem me dá tudo: dinheiro, amor, comida, prazer, joias, cortesia na balada. E é a mesma buceta quem me chama de vadia, galinha, vagabunda, puta. Buceta não tem nome. Pênis tem; João, Diego, Rodrigo, Mateus. Buceta nunca, é só buceta. Sirlanney (http://sirlanney.tumblr.com/)

Poça d'água

E como não tinha solução, solucionado estava. Caminhando de volta pra casa, Ana observa o entardecer. Os últimos feixes de luz antes da noite cair, a morna melancolia se espalhando pelo ar depois de uma breve chuva de verão. Ela pisa nas poças de água como se espalhasse pelo chão sua própria angústia; o coração, nó cego, parece inchar dentro do peito e comprime, machuca. Os pés batem confusos no cimento. Ana quer correr, gritar, rir alto, contar ao mundo sobre aquele afeto que crescia mais a cada dia. E sente que a mesma ânsia de viver a empurra para um silêncio amargo, a conduz para o seguro estado de inércia onde a ausência de risco significa a ausência de sofrimento.  Ela sabe: esse é o efeito estanque do medo. Por mais certeza que tenha acerca de seus sentimentos, não há voz para dizer "quero você"; o medo da rejeição roubara cada uma das quatro sílabas presas em sua garganta. Medo puro, transparente, volátil e inflamável. Para não incendiar e explodir, Ana vira na

Sai do portão e vem brincar

Anda, sô, toca a campainha e corre! Não posso. Não mais. Eu quero tocar a campainha e esperar. Se for moça dar bom dia, se for velha pedir um copo d'água, se for cachorro tropeçar nos pés e cair na calçada. Eu quero tocar a campainha e esperar. Cansei de dar as costas à vida e entrar debaixo da saia da minha mãe. Eu quero o esporro, o sorriso e o desprezo.