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(Nada) poeticamente insone

Segunda noite sem dormir.

Segunda noite que fecho o livro e ele não vai embora.

No escuro do quarto sinto o cheiro, o calor, o hálito que eu, e tão somente eu, conheço (pois foi eu quem os determinou).

Vai dormir, eu-lírico! Vai e leva junto este seu namorado louco de papel que não me dá sossego! Põe a mão nas minhas costas, a boca em meu ouvido, roça o nariz em minha face...

Entreguem-se em outro lugar e me deixem na paz branca e imaculada do sono! Que eu preciso descansar, preciso de carinho e preciso de realidade.

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