Divirto-me calada com a sombra de meu sorriso; eis que amor se aproxima novamente. Vem, acompanhando o vento frio que anuncia a chegada do outono neste interior.
Na verdade, verdade mesmo, amor não chega de fato. Fica assim, parado, bem pertinho. Perto perto perto. Se eu desejasse, poderia tocá-lo com as mãos! Amor brilha como calda de açúcar recém-saída do fogo: dá gosto de ver, vontade de comer e medo de queimar a língua. Estabanada como sou, capaz de queimar a boca inteira...
Não quero ter amor nas mãos. Não quero amor pra mim. Criar amor dá trabalho, precisa de atenção - e meus peixes todos morreram por falta de comida. É, melhor deixar amor onde ele está. Assim pertinho já é muito bom, dá gosto de ver. Assim, de pertinho, sem tocar, amor se contenta com qualquer migalha; serve abraço, sorriso, beijo na testa, até esperança atravessada serve.
Enquanto puder, amor ficar assim. Um dia ele decide se toma posse do meu coração torto ou se parte e dá lugar a sentimentos mais primaveris.
Tem um lance legal no amor, sabe?? Quando o amor se beija entre duas bocas, de cantinho em cantinho. Aliás, só um cantinho e outro, que nem lingua serve de quase mais nada, quase nada...
ResponderExcluirBeijos e saudades..