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Mostrando postagens de novembro, 2006

C.3

Quis acender um cigarro, tirar a roupa, abrir a garrafa de vinho tinto, sentar no chão, ficar bêbada, fitar a parede, quebrar a taça, cortar o dedo, beber no gargalo, chorar de dor, chorar por mim, chorar por nada, soluçar, acender outro cigarro, rir do meu desespero, tossir, fitar o teto, derramar vinho no tapete. A música acabou e eu não quis mais.

C.1

Porquê às vezes o nó parece um belo laço de fita. A noite mal dormida faz valer o poema. E a vida, na ânsia de provar a fatalidade, confunde os sentidos e me deixa a perder-me entre amargos, boninas, rigídos e amantegados. Dentro de mim não há um silêncio voraz. Dentro de mim não há um coração que sangra. Dentro de mim há apenas eu, assim mesmo, só. Um eu onde não cabe defeito, não cabe virtude, os sonhos são grandes demais. O espaço é suficiente para fechar os olhos com força e no escuro ver explodir centenas de estrelas que despecam sobre a retina. Só.