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Mostrando postagens de setembro, 2005

Da perda

De repente já não faziam mais sentido a sala, o quarto, o piano. Por alguns instantes, curtos instantes, eu senti o peso de sua ausência. A dor, maquiada pela rotina, nem parece mais dor - sem, no entanto, deixar de ser. Um fino veio de melancolia aflorou quando entrei na sala escura, rasgando o cimento da invunerabilidade. Fora eu, a vida ou o tempo quem não me permitiu aceitar as feridas abertas? Há feridas, e há motivo para tê-las. A razão esclarece o mundo mas não muda os fatos. Sei da certeza, da necessidade; nunca quis prendê-la a mim ou revogar seu direito à paz. E se antes neguei espaço à fragilidade, hoje a recebo de braços abertos, aceitando-a como condição da minha humanidade. Um dia, quem sabe, hei de ser o forte o bastante para chorar todas as lágrimas contidas ao longo do caminho.
Amor ou idéia de amor? "Tudo é possível, só eu impossível", diria Drummond. Basta querer e amor ganha cor, forma, cheiro, lugar, tempo, medida. Amor ou idéia de amor? Meu amor é verde. Grande. Platônico. Quer dizer... Meu amor de agora. Porque amor é um só e é multiplo. Todas as contradições se fazem possíveis em algo - o amor - que não pode ser contraditório. Depois só eu sou maluca... Continuo sendo impossível, meus caros. Vendo o que não existe, sendo o que não é, dizendo o que não "dizível". Salve, salve, neologismos e eufemismos.